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A Doença do Silicone

Com cada vez mais relatos sendo divulgados nas redes sociais e em reportagens, a doença do silicone é um tema que gera muitas dúvidas entre as pacientes e até mesmo na comunidade médica.

A Doença do Silicone por muitas vezes é confundida com a Síndrome ASIA, pois os próprios profissionais da área médica as consideram sinônimas. Em alguns países, o termo Breast Implant Illness (BII) engloba ambas.

No entanto, a doença do silicone e a Síndrome ASIA são quadros com fatores desencadeadores diferentes.

Apresentam, sim, sintomas muito semelhantes e podem estar associadas em muitos dos casos, sendo bastante difícil detectar cada uma separadamente.

Saiba mais sobre a doença do silicone.

O que é a Doença do Silicone?

As próteses de mama são preenchidas por um gel de silicone, que apesar de ser coeso, tem uma consistência pegajosa.

Esse gel é revestido por uma camada que pode ser de muitas texturas diferentes: lisas, microtexturizadas ou de poliuretano.

No entanto, o gel vaza por esse revestimento, como se a prótese suasse – processo conhecido como gel bleeding.

Esse gel que vaza pode migrar pelo corpo, causando toxicidade e danos aos tecidos.

Segundo o cientista Henry Dijikman, esse gel vaza do invólucro pois a cápsula teria pontos permeáveis. Ao longo do tempo, esses poros ficam maiores pela degradação natural dos implantes.

E, para que isso aconteça, não há autoimunidade envolvida.

O que ocorre é que o próprio depósito dessas partículas de silicone pode causar alterações no tecido.

A constante batalha do nosso corpo para tentar combater o gel bleeding pode evoluir, causando o Linfoma Anaplásico de Células Gigantes (BIA-ALCL).

O que as autoridades dizem sobre a Doença do Silicone?

A ANVISA, órgão regulador de vigilância sanitária no Brasil, suspendeu a venda de algumas próteses por algumas vezes.

Mas, como não houve comprovação científica de que o linfoma ou outras alterações inflamatórias eram causadas pelas próteses, acabou por autorizar novamente a comercialização.

Segundo o FDA (Food and Drugs Administration), agência responsável nos EUA, o linfoma relacionado às próteses seria um câncer do sistema imunológico.

A orientação do órgão americano não é retirar os implantes do mercado, mas sim ter uma rotina de monitoramento com check-ups frequentes.

O FDA considera que existe uma avaliação contínua dos riscos dos implantes de silicone e que as conclusões ainda estão em andamento.

Além disso, afirma que os implantes mamários não oferecem riscos maiores que outros tipos de implantes, embora reconheça que haja complicações decorrentes dos mesmos, como as contraturas.

Ainda, relata que a incidência de doenças em pacientes com próteses de silicone não é maior que na população feminina em geral.

O que você precisa saber sobre a Doença do Silicone

Não há um tempo certo para que ocorra o processo de reação do corpo aos implantes de silicone.

A partir do momento que a prótese foi colocada, essa toxicidade pode surgir. Os sintomas podem aparecer em dias ou anos, assim como na Síndrome ASIA.

Para ambas as doenças (Doença do Silicone e Síndrome ASIA), o quadro clínico é semelhante.

Quais são os sintomas?

Os sintomas da doença do silicone são vagos, inespecíficos e comuns a muitos outros quadros de saúde.

Alguns dos sintomas mais comuns são:

  • Fadiga crônica
  • Queda de cabelo
  • Infecções de repetição de vias aéreas ou vias urinárias
  • Intolerância alimentar
  • Fenômenos vasculares
  • Choques em membros
  • Dores nas articulações
  • Boca seca
  • Nevoeiro cerebral
  • Distúrbios da tireóide
  • Perda de memória

Uma vez que os sintomas acometem outras áreas do corpo, as pacientes podem não relacioná-los com as próteses de silicone em um primeiro momento.

Assim, a hipótese diagnóstica pode levar até mesmo anos para ser concluída.

Como é feito o diagnóstico?

Não há um exame para diagnosticar a doença ou mesmo o gel bleeding.

A hipótese diagnóstica é feita a partir da análise da história clínica por um médico que conheça as questões de saúde que podem ser acometidas pelas próteses. Exames laboratoriais e de imagem podem auxiliar a direcionar para essa hipótese.

No entanto, a confirmação pode ser feita quando essa prótese é retirada e há melhora do quadro.

Como é o tratamento da Doença do Silicone?

O tratamento de escolha deve ser o explante em bloco, que exige a retirada das próteses em peça única com as cápsulas.

Se houver qualquer intercorrência de abertura das cápsulas no intraoperatório, o cirurgião saberá como proceder.

As cápsulas devem ser enviadas para exames laboratoriais para exclusão de algumas doenças para possível diagnóstico e tratamento.

Como é a cirurgia para retirada das próteses?

Existem muitas técnicas para se discutir em relação à cirurgia. A decisão deve ser individual para cada caso, afinal, cada paciente é única.

Podemos utilizar do explante em bloco puro, onde apenas se retiram as próteses com as cápsulas.

Mas também pode ser realizada mastopexia (reconstrução que reposiciona os tecidos mamários e retira excesso de pele) ou ainda a lipoenxertia (quando se faz lipoaspiração, prepara-se essa gordura e ela é injetada nas mamas para dar volume).

É importante lembrar que, quanto mais procedimentos associados na mesma cirurgia, a morbidade e os riscos da cirurgia aumentam. Isso porque o tempo de anestesia é maior e a recuperação demanda mais cuidados.

O pós-operatório dependerá de qual técnica foi escolhida. De maneira geral, a recuperação é tranquila e dura em torno de 30 dias.

É essencial que desde a investigação inicial haja uma equipe multidisciplinar, incluindo cirurgião plástico, reumatologista, dentre outros profissionais para melhor orientação do diagnóstico, tratamento e acompanhamento após a cirurgia.

Busque ajuda para entender e tratar a Doença do Silicone

Apesar de não ser uma doença reconhecida e não haver comprovação científica oficial sobre a relação entre as próteses e os sintomas, a Doença do Silicone vem sendo relatada por muitas mulheres que passaram por situações semelhantes.

O fato de ainda não haver comprovação científica não significa que os relatos não devem ser levados em conta.

Os profissionais devem valorizar as queixas das pacientes, tratando-as com respeito e não duvidando do que elas dizem.

Para finalizar, sinta-se livre, não tenha medo, busque pela sua saúde e o restante virá!

Sabemos que ninguém está feliz doente, mas agradeça por ter condições de lutar pela sua cura! Mantenha o pensamento positivo e siga em frente!