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Síndrome ASIA

Síndrome ASIA: você já ouviu falar?

A Síndrome ASIA ou Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes (Autoimmune/Auto-inflammatory Syndrome Induced by Adjuvants, em inglês), é uma doença que começou a ganhar notoriedade há poucos anos.

A Síndrome ASIA pode ser desencadeada por diversos fatores externos, como dispositivos contraceptivos, próteses ortopédicas e marcapasso. No entanto, o adjuvante mais comentado é o implante de silicone.

A Síndrome ASIA é uma condição complexa, que ainda levanta discussões na comunidade médica, mas que apresenta riscos para a saúde como um todo em pacientes que fazem uso de adjuvantes.

O que é autoimunidade?

Vamos falar mais sobre este tema tão complexo, mas antes precisamos entender como funcionam as nossas defesas.

Todos nós temos um fator chamado autoimunidade, que serve para nos proteger. Ela é capaz de reconhecer o que faz parte de nós (como hormônios e células, por exemplo) e o que não faz parte de nós (como bactérias, vírus e fungos).

Além disso, a autoimunidade tem a habilidade de reconhecer quando algo nosso passa por modificações (como os tumores, por exemplo).

O que ocorre é que, para a maioria das pessoas, a autoimunidade é mantida sob controle.

Quando, por alguma razão, ela se torna hiper-reativa, podemos desencadear doenças autoimunes. Para isso, deve haver a genética presente associada a fatores ambientais, nem sempre conhecidos.

Então, o organismo passa a atacar a si mesmo, por uma falha no sistema de resposta de defesa.

Há diversas doenças autoimunes conhecidas, como lúpus, vitiligo, artrite reumatóide, tireoidite de Hashimoto e doença celíaca, dentre outras.

O que é Síndrome ASIA?

Essa condição abrange um conjunto de características na qual o organismo é exposto a algo estranho que atua como um gatilho e, então, o corpo começa a “atacar” a si mesmo.

Entre esses fatores estranhos (adjuvantes), temos vacinas, próteses ortopédicas, dispositivos de contracepção, preenchedores faciais e implantes de silicone.

A Síndrome de ASIA foi descrita por Shoelfield, um médico israelense, em 2011.

O primeiro caso apresentado por ele foi de uma médica oftalmologista, portadora de uma doença autoimune chamada dermatopolimiosite, doença crônica que se caracteriza por acometimento inflamatório da pele e dos músculos.

Na sequência, a paciente desenvolveu lúpus, esclerodermia e esclerose múltipla, sendo um caso raro e grave. Ela tinha implantes mamários há 10 anos.

Devido à condição difícil em que se encontrava e após internações e idas e vindas à UTI, sabendo que a doença que tinha não teria cura e que sua vida se resumiria a tratamentos paliativos, decidiu por ser internada na Suíça para ser submetida a eutanásia (suicídio assistido).

Quando Shoenfeld viu sua história em postagens de uma rede social, entrou em contato e propôs que ela repensasse, entendendo que as doenças não teriam cura, mas que juntos poderiam buscar tratamentos alternativos – e estudar o caso dela para ajudar outras pessoas.

Com a assistência de Shoenfeld, a paciente ainda viveu por 9 anos e faleceu em março de 2020 devido a uma descompensação grave da sua condição autoimune.

Síndrome ASIA e Doença do Silicone são a mesma coisa?

A Síndrome ASIA é popularmente chamada de Doença do Silicone, mas são quadros diferentes.

A principal diferença entre elas é que a Síndrome ASIA é decorrente de uma condição autoimune e a Doença do Silicone é causada pela toxicidade e inflamação do silicone que se espalha para outras áreas do corpo, através do chamado “gel bleeding”.

Em alguns países, há profissionais da área da saúde que definem as questões que envolvem as próteses em um termo único: Breast Implant Illness (BII).

Quais são os sintomas da Síndrome ASIA?

Geralmente, os sintomas são manifestações aleatórias – e a paciente não correlaciona esses sintomas com as próteses mamárias.

Isso porque os sintomas costumam surgir em áreas que não as mamas.

Alguns dos sintomas que a paciente pode manifestar são:

  • Enxaqueca;
  • Queda de cabelo;
  • Infecções de repetição;
  • Perda de memória;
  • Fadiga crônica;
  • Dor e fraqueza muscular;
  • Distúrbios de sono;
  • Manifestações neurológicas;
  • Dores musculares e articulares;
  • Alergias;
  • Alterações cognitivas, entre outros.

Como é feito o diagnóstico de ASIA?

O diagnóstico de ASIA é extremamente difícil, pois não há exames que confirmem que o quadro é proveniente do implante de silicone.

Além disso, os sinais e sintomas são comuns a diversas outras situações de saúde, pois são inespecíficos.

Assim, a paciente pode acreditar que se trata de um problema hormonal, por exemplo, relacionado ao estresse ou ao avançar da idade.

Quando decide por iniciar uma busca com especialistas de diversas áreas, passa por equipes, realiza exames e mais exames, e nada é encontrado para fechar o diagnóstico de alguma doença conhecida.

Não à toa, a média de tempo para diagnóstico é de 10 anos.

E, quanto mais tempo passa até o diagnóstico, mais chance de sintomas aparecerem e, por vezes, surgem doenças autoimunes.

Ainda devemos levar em consideração que esse é um quadro relativamente recente e raro, afetando cerca de 0,8% da população (pelos dados que temos atualmente registrados).

Por isso, muitos médicos não conhecem esse mecanismo e acabam por não fazer essa hipótese diagnóstica.

Acredita-se que essa porcentagem não seja real, pois não é uma doença de notificação compulsória, e devem haver casos subnotificados ou ainda não diagnosticados.

Como tratar a Síndrome ASIA?

Uma vez que a ASIA é um quadro autoimune, não tem cura, mas pode entrar em remissão.

Inicialmente deve-se avaliar a possibilidade de retirada de todos os gatilhos que possam estar causando os sintomas. Isso significa remover os adjuvantes do corpo: próteses de silicone de mama, glúteo, panturrilha, implantes hormonais, DIU.

Realizar o explante não é garantia de que os sintomas irão desaparecer, mas existem estudos que afirmam haver melhora nas queixas após a remoção das próteses.

O explante não é um tratamento isoladamente, faz parte de um plano de tratamento.

A questão imunológica precisa de cuidados como um todo.

Além da cirurgia, é preciso olhar a questão que envolve hábitos gerais como alimentação, medicação, manter bom funcionamento intestinal, dentre outros aspectos.

A relação entre implantes de silicone e Síndrome ASIA é reconhecida?

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) refere que pesquisas científicas não relataram relação entre implantes mamários e doenças autoimunes ou sistêmicas.

No entanto, o FDA (Foods and Drugs Administration), órgão regulador de vigilância sanitária nos Estados Unidos, já reconhece a doença desde 2019.

Porém, eles não definem que o ideal é retirar as próteses, mas sim, ter a informação e conhecimento dessa possível complicação, além de fazer o monitoramento frequente dos implantes de silicone, para quem deseja mantê-los.

Não ignore os sinais de seu corpo

Nosso organismo é perfeito. Desde o primeiro sintoma, ele começa a mostrar que algo está errado em nosso corpo.

Com o passar do tempo, os sinais vão aumentando, como se o corpo dissesse “Preste atenção! Algo está errado aqui e você não está vendo!”.

Essas queixas podem persistir por muito tempo sem haver diagnóstico.

Não à toa, grande parte desconfia da Síndrome ASIA por conta própria, depois de buscas incansáveis pela internet, onde se reconhecem em algum relato ou texto sobre o assunto.

Se você está passando por isso, não deixe de buscar ajuda especializada. Contar com ajuda e apoio profissional pode fazer toda a diferença na recuperação da sua qualidade de vida.