Gaslighting e os implantes de silicone
Você já ouviu falar em gaslighting? Este tipo de abuso psicológico, que distorce a realidade da vítima, afeta milhares de pessoas, principalmente mulheres.
Estudos indicam que essa forma de manipulação emocional pode ter consequências devastadoras para a saúde da mulher, minando sua confiança e capacidade de tomar decisões autônomas.
Entender os sinais do gaslighting é vital para proteger seu bem-estar e sair de relações tóxicas. Neste artigo, vamos ver como identificar e combater esse comportamento abusivo que ameaça a saúde mental e física.
O que é gaslighting?
Gaslighting, uma palavra de origem norte-americana que pode ser traduzida como manipulação, refere-se a uma forma de abuso psicológico que ocorre nas relações, levando a vítima a duvidar de sua percepção, memória e sanidade mental.
Esse fenômeno tem um impacto relevante na área da medicina, e isso não é apenas uma opinião, já que esse tema tem sido amplamente discutido e documentado desde 1938.
Geralmente, o gaslighting ocorre em relacionamentos íntimos, mas pode também aparecer em ambientes de trabalho, familiares e, infelizmente, até mesmo nas relações entre médicos e pacientes, já que muitas vezes os profissionais da saúde subestimam os sintomas relatados. Esses sintomas são frequentemente atribuídos a fatores como hormônios, maternidade ou até mesmo escolhas relacionadas à vida profissional.
Os efeitos do gaslighting na saúde da mulher podem ser devastadores. Com o tempo, a confiança em si mesma diminui e cresce a incerteza sobre as próprias capacidades e julgamento. Isso pode levar a problemas de ansiedade, depressão e até mesmo transtornos de estresse pós-traumático.
E não é só a saúde mental que é afetada. O abuso psicológico pode causar sintomas físicos como insônia, dor crônica e problemas gastrointestinais.
Como identificar o abuso psicológico no gaslighting?
No gaslighting, a manipulação emocional ocorre quando alguém, intencionalmente, faz você duvidar de sua própria memória ou percepção.
Imagine situações onde suas preocupações são constantemente descartadas com frases como “Você está exagerando” ou “Isso nunca aconteceu”. É uma tática comum nos relacionamentos tóxicos, que mina a confiança em si próprio.
Especialmente na saúde da mulher, reconhecer o gaslighting é essencial. Mulheres muitas vezes relatam sentir-se menosprezadas em conversas e decisões. Quando seu parceiro usa dessa manipulação, ela pode começar a questionar sua sanidade. E isso é muito perigoso!
Para combater o gaslighting e qualquer tipo de abuso psicológico, a informação é uma aliada poderosa. Fique atenta aos sinais:
– Negativas constantes à sua versão dos fatos;
– Afirmações que te fazem questionar sua memória;
– Sentimentos de confusão e desorientação na relação.
Lembrar-se dos eventos com clareza e manter um diário pode ser um passo importante para confrontar essa realidade distorcida. E claro, buscar apoio profissional é essencial para sair dessa situação e recuperar o controle sobre sua vida emocional e mental.
Algumas estratégias comuns de gaslighting incluem:
- Negar fatos, mesmo quando há evidências claras;
- Desviar o foco da discussão para erros ou inseguranças da vítima: o agressor pode alegar que incidentes preocupantes nunca ocorreram ou acusar a vítima de ser muito sensível ou emocional;
- Minimização dos sentimentos: o abusador insiste que a reação da vítima é exagerada ou sem motivo;
- Mentiras repetidas e afirmações contraditórias que confundem a vítima, até que a pessoa que sofre o abuso comece a duvidar de si mesma, sentindo-se insegura e isolada.
Qual é a relação entre o gaslighting e doença do silicone?
Infelizmente, muitas vezes os profissionais da saúde subestimam os sintomas relatados por pacientes, especialmente mulheres. Como já falei anteriormente, esses sintomas são frequentemente atribuídos a fatores como hormônios, maternidade ou até mesmo escolhas relacionadas à vida profissional.
Quando surge uma preocupação com relação aos implantes de silicone como possível causa desses sintomas, é comum encontrar questionamentos e uma invalidação imediata dos sintomas relatados.
É extremamente frustrante ouvir repetidamente frases como: “Você não tem nada, é tudo coisa da sua cabeça”, “Você precisa fazer terapia e tratar sua ansiedade” ou até mesmo “Esse tipo de problema não existe”.
Diante desse cenário, o pensamento inevitável que surge é: “Eu sei que estou doente, sei que algo está errado. Por que ninguém acredita em mim?”.
Por isso, é fundamental que os profissionais da saúde sejam mais sensíveis às queixas dos pacientes e busquem investigar a fundo suas condições, sem subestimar ou invalidar seus sintomas. Da mesma forma, os médicos também precisam se abrir para o aprendizado constante e reconhecer que nem sempre têm todas as respostas.
A relação médico-paciente deve ser baseada na confiança mútua, no respeito e na escuta atenta, para que juntos possam encontrar soluções efetivas para os problemas de saúde. É preciso construir uma parceria onde ambos os lados se sintam ouvidos e acolhidos, para que o cuidado seja realmente efetivo.
Dra FABIANA CATHERINO
CRM/SP 121444
RQE 39248
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica