Entenda o Lipedema e saiba como os diferentes graus podem afetar o tratamento
Lipedema é uma doença crônica e dolorosa que afeta milhões de pessoas, principalmente mulheres. Estudos mostram que a incidência pode ser de até 11% em mulheres adultas.
Os sinais manifestados pelo Lipedema podem englobar uma série de desconfortos, como fadiga, edema (inchaço), dor nas pernas e demais áreas afetadas pela condição. Entretanto, a reclamação mais expressiva dos pacientes é o impacto estético que essa doença causa, restringindo a liberdade de escolher roupas, por exemplo, devido à exposição das pernas.
Identificando os diferentes graus de Lipedema
De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), a classificação anatômica do Lipedema é listada em cinco tipos, de acordo com as áreas dos membros afetados:
- Tipo I: do umbigo até os quadris;
- Tipo II: até os joelhos, com tecido gorduroso na parte lateral e inferior dos joelhos;
- Tipo III: até os tornozelos com formação de gordura logo acima dos pés;
- Tipo IV: nos braços, normalmente associado aos tipos II e III;
- Tipo V: apenas do joelho para baixo.
Pessoas diagnosticadas com Lipedema estão mais propensas a sofrer lesões articulares. Nos estágios mais avançados da doença, podem surgir dificuldades para andar, levando à atrofia muscular.
A progressão do Lipedema se dá em cinco fases distintas: começa na região pélvica e se estende aos quadris, nádegas, coxas e pernas. Há também a possibilidade de afetar o sistema linfático.
O enfrentamento do Lipedema requer uma abordagem multidisciplinar que envolve médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, educadores físicos e até mesmo psicólogos e terapeutas.
Dentro desse espectro de especialidades médicas incluem-se:
– Dermatologistas, frequentemente os primeiros a reconhecer essa condição e diferenciar de outras patologias;
– Cirurgiões vasculares, que avaliam a associação com insuficiência venosa crônica e linfedema;
– Cirurgiões plásticos, capazes de realizar o tratamento cirúrgico, que geralmente envolve um tipo de lipoaspiração diferente das lipoaspirações convencionais.
Além disso, é essencial o acompanhamento com um fisioterapeuta especializado para implementar a terapia física, que inclui drenagem linfática, cuidados com a pele, exercícios físicos e uso de bandagens.
A nutrição é outro pilar fundamental no tratamento do Lipedema. É importante retirar os alimentos inflamatórios e considerar uma orientação de dieta. Para isso, é interessante pensar no acompanhamento com nutricionista ou nutrólogo.
O exercício físico ajuda a controlar o peso, fortalecer músculos e ligamentos, melhora a qualidade de vida e reduz as chances de lesões osteoarticulares.
O impacto do Lipedema na autoestima
Pacientes com Lipedema lidam não apenas com as dificuldades físicas originadas pela limitação de mobilidade e dor, mas também enfrentam questões psicossociais relacionadas à dificuldade no diagnóstico e à autoimagem.
Por esse motivo, muitas pessoas se submetem a procedimentos invasivos, sem considerar os muitos riscos envolvidos.
A cirurgia plástica é apenas um dos recursos do tratamento do Lipedema, sendo uma decisão que requer muita atenção. Para começar, procure um profissional com expertise no assunto. Lipedema não é apenas uma questão estética, mas uma condição médica que exige conhecimento especializado.
Cada grau de Lipedema requer uma abordagem diferente. Portanto, o cirurgião deve ter experiência em tratar todos eles. Além disso, verifique se o médico está atualizado e devidamente habilitado para o tratamento.
E por último, mas não menos importante: a comunicação. Você deve se sentir confortável em discutir suas preocupações e expectativas com o cirurgião. O médico deve ser capaz de responder suas perguntas com clareza e paciência.
Caso fatal da modelo Luana Andrade, que tinha Lipedema, reforça os cuidados essenciais para o tratamento.
A história da modelo Luana Andrade trouxe à tona a questão da procura pelo procedimento cirúrgico por questões que vão além da estética. Conforme relata a família, Luana sentia dores por conta do Lipedema e, por esse motivo, há tempos tinha o desejo de optar pelo procedimento.
Mesmo diante de uma decisão bem informada e tecnicamente bem amparada, o caso de Luana acabou se tornando uma fatalidade, ocasionada por complicações durante uma lipoaspiração, com duas paradas cardiorrespiratórias. De acordo com o hospital onde o procedimento foi realizado, a causa da morte foi embolia pulmonar maciça. Vale reforçar que a cirurgia foi realizada em hospital de referência, com uma equipe experiente e capacitada.
Isso quer dizer que não se deve tratar o Lipedema com cirurgia? Não! Mas esse caso enfatiza a necessidade de buscar informações, avaliar os prós e contras e, principalmente, manter um diálogo aberto com o médico.
Pergunte sobre o procedimento, os riscos envolvidos e as possíveis complicações O Lipedema não tem cura, mas o tratamento busca aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. É importante controlar o peso, ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente. O acompanhamento psicológico também é recomendado, sendo a cirurgia de lipoaspiração, normalmente, reservada para casos mais avançados.
Dra FABIANA CATHERINO
CRM/SP 121444
RQE 39248
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica