Corpo ideal: será que ele existe?
Você já se perguntou qual seria o corpo ideal?
Embora a percepção de um corpo ideal seja muito subjetiva e até mesmo influenciada pela cultura e pelo tempo, podemos considerar que o mais saudável é acreditar que o verdadeiro corpo perfeito é aquele em que a pessoa se sente confortável.
No entanto, em meio a uma enxurrada de padrões estéticos, muitas pessoas utilizam recursos bastante arriscados na busca por se encaixar nesses padrões, e é sobre isso que vamos falar.
Desvendando o conceito de corpo ideal
A mídia muitas vezes impõe padrões inatingíveis, mas a verdade é mais profunda e personalizada.
Saúde e conforto são as chaves para essa definição. Um corpo que permite desfrutar das atividades do dia a dia, que tem energia e vitalidade, é muito mais valioso do que qualquer número na balança. A estética deve ser consequência da saúde, não o inverso.
O importante é focar em como você se sente com seu próprio corpo. Se há satisfação e confiança ao se olhar no espelho, você está mais próximo do seu ideal do que imagina. E essa sensação de aceitação e felicidade é única para cada um.
A busca por padrões físicos e os riscos envolvidos
Muitas vezes a busca por um “corpo dos sonhos”, a insatisfação por não conseguir ter o corpo parecido com a tal celebridade ou até mesmo a dificuldade para perder ou ganhar determinado peso por questões de saúde, acaba levando as pessoas a buscarem alternativas bastante arriscadas.
Infelizmente, existem muitas promessas tidas como milagrosas, oferecendo o que parece ser a opção mais rápida para a transformação do corpo, como a utilização de hormônios e suplementos de forma indiscriminada e em grandes quantidades.
Ganhar músculos, reduzir medidas rapidamente ou eliminar a celulite, por exemplo, estão entre as maiores promessas dos métodos arriscados aos quais as pessoas se submetem. E pior ainda: a mistura de medicações e suplementos, também feita sem orientação médica, é capaz de potencializar efeitos colaterais e aumentar as chances de complicações importantes e graves.
E não se engane: não é raro existirem pessoas que decidem usar só um pouquinho até chegar a determinado objetivo, mas que não conseguem parar quando chegam a esse ponto, pois a prática acaba evoluindo para um distúrbio.
Além do que já citei acima, chegamos a extremos da não percepção real do corpo resultando em distúrbios como a bulimia e a anorexia. A seguir, você entenderá melhor.
Bulimia
A bulimia é um comportamento compulsivo, no qual a pessoa come excessivamente e em seguida provoca o vômito ou utiliza laxantes em grande quantidade, podendo chegar até mesmo a realizar lavagens intestinais.
Apesar de ainda não se conhecer a causa exata da bulimia, sabe-se que diversos fatores podem estar envolvidos nesse transtorno alimentar, entre eles o culto ao corpo magro e a pressão exercida pela indústria da beleza e da moda. O que ocorre é que mesmo que atinja o peso desejado, ainda há a sensação de sobrepeso pela dismorfia corporal e a pessoa mantém o padrão de comportamento após se alimentar.
É importante destacar que essas práticas podem trazer consequências graves para a saúde. O distúrbio vai além da questão estética ou desnutrição causada pela perda de nutrientes, representando riscos significativos para a pessoa afetada.
Anorexia
A anorexia, por sua vez, é a perda de apetite que leva a redução do peso até a extrema magreza.
Além do peso muito abaixo do normal e do medo intenso de engordar, a anorexia também se caracteriza por uma imagem distorcida do próprio corpo e pelo abuso de dietas ou exercícios para emagrecer, mesmo quando já se está abaixo do peso ideal.
Tanto a anorexia quanto a bulimia são transtornos alimentares que fazem parte de um espectro mais amplo, com alterações na saúde física e psicossocial decorrentes do consumo inadequado ou da absorção alterada dos alimentos.
Os riscos da automedicação
A busca pelo corpo ideal muitas vezes leva a atitudes perigosas, como a automedicação. Ao buscar o corpo dos sonhos, mesmo que seja inatingível, as pessoas recorrem ao uso de medicações, muitas vezes sem prescrição médica inclusive.
Seja para emagrecer, ganhar massa muscular ou alterar o corpo de alguma forma, essa prática pode causar sérios danos à saúde. Sem o devido acompanhamento profissional, os riscos incluem efeitos colaterais graves e interações medicamentosas perigosas.
O alerta vale tanto para medicamentos sintéticos quanto para “naturais” ou suplementos. Muitos acreditam que produtos ditos naturais são inofensivos, mas eles também podem ter contraindicações e causar reações adversas.
A conscientização sobre os perigos da automedicação é essencial para proteger a saúde enquanto se busca um corpo em que se sinta confortável.
Para estar bem com o próprio corpo é preciso mudar a percepção de padrão estético
Esqueça os padrões impostos por revistas e redes sociais. O verdadeiro conforto vem de aceitar o próprio corpo, com suas características únicas. Quando você se aceita, você se liberta do peso de precisar que o outro te aceite.
E o caminho para encontrar essa sensação de bem-estar começa pelo autoconhecimento. Entender quais atividades físicas trazem prazer, que tipos de alimentos fazem bem ao seu organismo e como sua mente reage a diferentes estímulos ajuda a encontrar conforto em um corpo que não se resume a medidas ou pesos.
Nada disso quer dizer que você não pode buscar formas de melhorar ou mudar aquilo que te incomoda, seja através de estratégia nutricional, tratamentos médicos ou cirurgias plásticas. A tecnologia e a ciência trabalham há anos para tornar isso possível, de maneira segura.
O importante é buscar maneiras de fazer tudo isso com o auxílio e acompanhamento de profissionais sérios e especializados, tendo em mente que o seu corpo é único e, por isso, não deve se espelhar nos outros. Cada pessoa tem sua genética, suas características e beleza ÚNICAS!
Cuidar do corpo envolve alimentação equilibrada, exercícios regulares, descanso adequado, respeitar os próprios limites e ouvir as necessidades individuais. Saúde física e satisfação pessoal precisam andar de mãos dadas.
E não se engane: alcançar esse nível de aceitação pessoal não significa conformismo ou negligência com a saúde. Pelo contrário, é sobre reconhecer e valorizar o próprio corpo, investindo em hábitos saudáveis que promovam o conforto e o bem-estar geral. O foco deve estar no equilíbrio e na harmonia entre mente e corpo, cultivando um ambiente interno de positividade e autocuidado.
Dra FABIANA CATHERINO
CRM/SP 121444
RQE 39248
Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica