A importância da retirada das cápsulas no explante de silicone
Você já ouviu falar sobre o processo de retirada das cápsulas no explante de silicone?
Se você está considerando passar por um explante de silicone ou simplesmente quer entender mais sobre o assunto, acompanhe esta leitura, onde eu detalho o que é o explante de silicone, como ocorre a retirada das cápsulas e por que esse procedimento é necessário.
O explante de silicone é um procedimento cirúrgico no qual as próteses de silicone são removidas tanto nas mamas quanto em glúteos, panturrilha e peitoral. No entanto, além da remoção das próteses, é necessário retirar também as cápsulas que se formam ao redor delas.
Essas cápsulas são uma resposta natural do organismo à presença do implante de silicone como corpo estranho.
A retirada das cápsulas no explante de silicone é um processo que é fundamental para restaurar a saúde e também como prevenção, por conta das possíveis consequências desse processo.
Como se formam as cápsulas após a colocação do implante de silicone?
A formação de cápsulas após o implante de silicone é uma resposta natural do organismo ao silicone como corpo estranho, envolvendo-o em uma espécie de envelope fibroso, ou seja, há a formação de uma película.
Embora seja uma reação natural do corpo, em alguns casos, a cápsula pode se contrair por uma resposta inflamatória exacerbada e ficar mais rígida, causando desconforto e alterando a aparência da mama, gerando a chamada contratura capsular.
A formação da cápsula sempre acontecerá e pode ser influenciada por diversos fatores, como a técnica cirúrgica utilizada, o tipo de invólucro do implante e a resposta individual do paciente.
Saiba quais são as possíveis complicações das cápsulas dos implantes de silicone
As cápsulas em torno dos implantes de silicone podem levar a complicações indesejadas.
Como falado anteriormente, mesmo que essas cápsulas sejam formadas naturalmente pelo organismo, elas podem se contrair ou ficar mais espessas do que o normal, resultando uma complicação chamada de contratura capsular.
Tal situação pode causar desconforto, dor e alterações estéticas nas mamas ou outras áreas onde os implantes foram colocados.
Existem também outras situações mais preocupantes que podem acontecer em decorrência da formação das cápsulas, as quais eu explico a seguir:
Linfoma anaplásico de células gigantes pode estar entre os riscos das cápsulas mamárias
O linfoma anaplásico de células gigantes (BIA- ALCL) é um tipo de câncer que afeta o sistema imunológico.
Embora a causa exata ainda seja desconhecida, a OMS (Organização Mundial de Saúde) já reconhece essa relação desde 2016 e o FDA (Food and Drug Administration) desde 2020.
O linfoma costuma ficar contido dentro da cápsula e, por isso, a retirada dela juntamente com os implantes têm sua importância. Até porque, o diagnóstico por vezes será realizado por meio do estudo dessa cápsula retirada.
Mas qual é a relação entre o linfoma anaplásico de células gigantes (BIA- ALCL) e o implante de silicone? Os implantes de silicone sofrem o processo de gel bleeding, ou seja, micropartículas de silicone extravasam pelos poros do invólucro e vão para órgãos e tecidos diversos.
Quando isso acontece, o corpo inicia uma batalha para combater esse vazamento e forma-se um nódulo. Ao longo do tempo, esse nódulo vai se juntando a células de defesa formando as células gigantes, fazendo com que o organismo tenha um desequilíbrio entre as defesas, demandando recrutar as células ainda imaturas. Dessa forma, surge o BIA ALCL, um tumor do sistema imunológico.
A relação entre as próteses de silicone e o linfoma já foi validada pelo FDA, assim como outros tipos de tumor.
O explante em bloco faz parte do tratamento, já que em grande parte das vezes o linfoma está contido pela cápsula. Mas ainda assim há casos que precisam associar outros tratamentos como, por exemplo, a quimioterapia.
Também pode causar metástase, ou seja, se manifestar à distância.
Carcinoma de células escamosas e a cápsula do implante de silicone
O carcinoma de células escamosas é um tipo de câncer de pele. Ele pode se desenvolver a partir de cicatrizes crônicas, sendo chamado de úlcera de Marjolin.
Costuma ser relacionado a cicatrizes de queimaduras, mas pode ocorrer em qualquer tipo de cicatriz com inflamação crônica.
Embora seja uma ocorrência incomum, a úlcera de Marjolin é agressiva e pode se espalhar rapidamente.
Desde 2022 o FDA manifestou a relação das próteses com outros tipos de tumores, um deles seria o carcinoma de células escamosas.
Não temos como prever em quais pacientes haveria a possibilidade de isso ocorrer.
A cauterização química da cápsula pode substituir a capsulectomia?
Embora não exista um consenso único dentro da comunidade médica sobre as cápsulas, eu sempre considero a retirada das cápsulas ser em bloco, levando em conta a possibilidade de desenvolvimento ou existência de outras doenças e sempre buscando evitar a não contaminação local.
Além disso, o bisturi elétrico usado na cauterização pode ser capaz de destruir células pelo calor. Por isso, esse tipo de procedimento é realizado quando há algum resíduo de cápsula que não possa ser retirado em bloco.
Já discuti essa situação com médicos de diversos lugares do mundo e há alguns que usam irrigação com soro para limpeza local, há os que usam antibiótico, os que usam iodo com objetivo de antissepsia, e ainda a utilização de alguns outros químicos com objetivo de limpar e destruir possíveis células residuais. A utilização de químicos seria a cauterização química.
Ainda assim, reforço que independente de qualquer uma dessas opções, o que sabemos é que a retirada cápsula é importante para garantir a remoção de possíveis resíduos de silicone em maior concentração e retirar os tecidos que poderiam estar acometidos por tumor, pois principalmente o linfoma, como costuma ficar contido na cápsula, já estaria tratado, não havendo tumor à distância.
Como é feita retirada de cápsulas no explante de silicone?
O processo de remoção das cápsulas envolve a realização de uma incisão realizada no sulco das mamas em grande parte das vezes, podendo se estender dependendo se haverá reconstrução. Elas são removidas juntamente com o implante, com a proposta de ser realizada essa retirada em bloco, ou seja, ambas em peça única. Isso pode não ocorrer devido a riscos do intra operatório, cápsulas muito finas, aderências nas costelas, porém continua sendo indicada a retirada de todo material. Se não em bloco, deve então ser realizada a capsulectomia total.
Em conclusão, compreender o processo de retirada das cápsulas no explante de silicone é essencial para quem está considerando passar por esse procedimento ou simplesmente deseja se informar mais sobre o assunto.
O procedimento em si é delicado e requer cuidados especiais durante todo o processo. No entanto, ao contar com profissionais qualificados e seguir as orientações adequadas para recuperação pós-operatória, é possível obter resultados satisfatórios.
Portanto, se você está considerando um explante de silicone ou enfrenta complicações relacionadas às cápsulas ao redor dos implantes, não hesite em buscar informações detalhadas sobre o assunto.
Consulte sempre um profissional habilitado e preparado! Sua saúde deve ser prioridade!