Doença do Silicone e Síndrome ASIA

Algumas doenças autoimunes podem impactar não apenas a saúde, mas também a estética e o ritmo de vida das pessoas. Recentemente, a famosa cantora e compositora Celine Dion anunciou uma pausa em sua carreira devido à Síndrome da Pessoa Rígida (SPR), uma doença autoimune que causa rigidez muscular, com espasmos e dificuldades de movimento. 

As doenças autoimunes podem ficar em remissão durante anos e podem ser desencadeadas por estímulos que recebemos, o que pode explicar o fato de a decisão de Celine Dion pausar a carreira neste momento. 

Mas essa não é a única condição que pode afetar a aparência e interferir no dia a dia. Doenças como Hashimoto, lúpus, esclerose múltipla, psoríase, vitiligo, entre outras, trazem consigo uma série de sintomas que vão além do desconforto físico. 

Queda de cabelo, erupções cutâneas, dificuldades de coordenação e perda ou ganho de peso são apenas alguns exemplos do impacto que essas doenças podem ter na vida das pessoas. 

Por que falar sobre doenças autoimunes e sua relação com a estética?

A busca incansável por alcançar padrões de beleza tem levado as pessoas a fazerem escolhas sem pensar muito nas consequências.

Quando falamos sobre cirurgia plástica, precisamos levar em conta a segurança do procedimento, a experiência e idoneidade do profissional e as tecnologias e opções disponíveis para realizar procedimentos cada vez mais seguros aos pacientes. Esses são os pontos positivos.

Mas, por outro lado, também precisamos considerar os pontos negativos, que incluem métodos desnecessariamente invasivos, procedimentos realizados em locais não seguros e decisões tomadas sem avaliar conscientemente todas as informações disponíveis a respeito.

Os implantes de silicone são bons exemplos para ilustrar esses dois lados. Muitas mulheres, motivadas pela insatisfação com seus corpos ou pressões estéticas exercidas pelo companheiro ou pela sociedade, anseiam por aumentar as mamas e acabam buscando essa opção.

No entanto, embora implantes de silicone tenham sido considerados seguros por muitos anos, estudos recentes têm investigado a relação entre o uso de implantes de silicone e o desenvolvimento de doenças inflamatórias, autoimunes e até um tipo de câncer do sistema imunológico, o Linfoma Anaplásico de Grandes Células (BIA ALCL).

Além disso, é importante alertar que em todo tipo de prótese de silicone ocorre o  vazamento das partículas, fazendo com que o silicone se espalhe para outras partes do corpo, podendo agir como gatilho desencadeador desses casos.

O ponto é: se você tem a possibilidade de fazer uma cirurgia plástica de forma segura, para se sentir bem com o seu corpo, especialmente quando o incômodo com a sua aparência chega a ser extremamente desconfortável, não abra mão de escolher o melhor para você.

Mesmo que você decida fazer implantes de silicone, é muito importante que tenha conhecimento de tudo o que pode acontecer com você, para que faça uma escolha consciente.

O que são doenças autoimunes

As doenças autoimunes são um grupo complexo de condições em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente as células saudáveis do organismo. É como se o seu corpo não reconhecesse parte dele próprio, começando uma batalha contra essas partes. Além dos sintomas, essas doenças também podem trazer consequências estéticas que afetam diretamente a autoestima e qualidade de vida dos pacientes.

A doença de Hashimoto, por exemplo, é um tipo de doença autoimune que acomete a tireóide e pode causar queda de cabelo e unhas fracas. Já o lúpus eritematoso sistêmico, que também é uma doença autoimune, pode acometer órgãos vitais e também gerar lesões na pele.

A esclerose múltipla, por sua vez, pode levar a dificuldades de coordenação e, em casos mais graves, comprometer a mobilidade. Neste artigo, vamos abordar essas e outras doenças autoimunes que têm impacto direto na estética e no ritmo de vida das pessoas que convivem com elas. 

Nenhuma doença autoimune tem cura, mas existem estratégias para minimizar sintomas e tentar deixá-las em remissão. 

Celine Dion e a interrupção da carreira por conta da Síndrome da Pessoa Rígida: entenda a doença autoimune que pode afetar o ritmo de vida

Celine Dion recentemente anunciou uma interrupção em sua carreira devido à Síndrome da Pessoa Rígida (SPR). Pouco conhecida do público em geral, essa doença autoimune rara afeta o sistema nervoso e pode ter um impacto significativo no ritmo de vida de quem a possui.

A Síndrome da Pessoa Rígida é caracterizada por rigidez muscular, espasmos involuntários e dificuldade de movimento. Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e, muitas vezes, são confundidos com outras condições neurológicas. O tratamento visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

A Síndrome da Pessoa Rígida é um exemplo de como as doenças autoimunes podem afetar não apenas a saúde física, mas também a carreira e o estilo de vida das pessoas. É importante estar ciente dessas condições e oferecer apoio e compreensão às pessoas que enfrentam desafios diários relacionados à saúde e, para quem tem alguma doença, tentar entender as transformações do seu corpo e aprender a lidar com elas.

Queda de cabelo e unhas fracas estão entre os principais sintomas da Doença de Hashimoto

A Doença de Hashimoto é uma condição autoimune que afeta a tireoide e pode ter diversos impactos no corpo. Um dos sintomas comuns dessa doença é a queda de cabelo, o que pode ser extremamente frustrante para quem lida com essa condição. Além disso, as unhas também podem se tornar fracas e quebradiças, prejudicando ainda mais a autoestima. O intestino pode ficar mais lento, deixando o abdome mais distendido, e também pode ocorrer fadiga, prejudicando a dinâmica do dia a dia. 

As erupções cutâneas, os desafios diários do Lúpus e suas consequências para a estética pessoal

O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença autoimune crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Acomete mais as mulheres entre 15 e 45 anos. Um dos sintomas mais comuns desta condição são as erupções cutâneas, que podem variar em gravidade e aparência. Essas erupções podem ser um desafio diário para aqueles que convivem com o lúpus, pois muitas vezes são visíveis e podem causar desconforto físico e emocional.

Essas lesões da pele que surgem no lupus em todo o corpo afetam a aparência. E isso pode levar a uma diminuição da autoestima e confiança, já que muitos pacientes se sentem inseguros sobre sua aparência.

No entanto, é importante ressaltar que as erupções cutâneas não definem a beleza de uma pessoa. O lúpus é uma condição médica séria e complexa, e é essencial que os pacientes se concentrem em cuidar de sua saúde e bem-estar geral. 

Com o apoio adequado da equipe médica e o uso correto de medicamentos, é possível controlar os sintomas do lúpus e minimizar suas consequências estéticas. 

Esclerose Múltipla: quando as dificuldades de coordenação alteram o curso das atividades cotidianas

A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica que afeta aproximadamente 2,5 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). Um dos sintomas mais comuns desta condição é a dificuldade de coordenação motora, o que pode ter um impacto significativo nas atividades do dia a dia.

Desde tarefas simples, como escrever ou se vestir, até atividades mais complexas, como dirigir ou praticar esportes, a coordenação comprometida pode tornar-se um desafio constante.

Para quem convive com a esclerose múltipla, cada movimento pode exigir um esforço maior do que o habitual. Coisas que antes eram feitas de forma automática e sem pensar, agora requerem uma dose extra de concentração e paciência. A falta de coordenação pode resultar em quedas frequentes, derramamentos acidentais e até mesmo dificuldades para se alimentar adequadamente.

Além disso, a coordenação prejudicada também pode afetar a vida social e emocional das pessoas com esclerose múltipla. Participar de eventos sociais ou praticar hobbies favoritos podem tornar-se desafiadores, o que muitas vezes leva a sentimentos de frustração e isolamento.

Embora haja limitações como as da esclerose múltipla em algumas doenças, devemos focar em ajustes para readaptar o cotidiano. No caso de ter adjuvantes, discutir a retirada deles, pois mantê-los pode ser estímulo de sintomas ou de evolução da doença.

Psoríase, Vitiligo e o preconceito social

A psoríase e o vitiligo, entre outros distúrbios cutâneos autoimunes, são condições de pele que podem causar mudanças visíveis no corpo. A psoríase é caracterizada por manchas vermelhas e descamativas na pele, enquanto o vitiligo resulta na perda de pigmentação, levando ao surgimento de manchas brancas. 

Esses distúrbios têm um impacto significativo na autoestima e na qualidade de vida dos indivíduos afetados. Por se tratarem de lesões expostas e visíveis mesmo com vestimenta, há o constrangimento diante do olhar das outras pessoas. Os implantes de silicone podem desencadear ou potencializar esses distúrbios.

Aprender a lidar com uma imagem diferente dos outros é um desafio. O problema não é o que irão falar de você, mas o que você fará com o que falarem de você.

Doença de Crohn e doença celíaca: como o trato gastrointestinal afeta a vida social.

A Doença de Crohn e a doença celíaca são condições que afetam o sistema digestivo, mas seus sintomas podem se manifestar também externamente. 

Doença de Crohn é uma doença que pode inflamar da boca ao ânus, gerando quadros de diarreia e cólica. Como consequência, pode ocasionar a perda de peso pela dificuldade do corpo em absorver nutrientes adequadamente. Outra questão desconfortável é o inchaço abdominal.

Já a doença celíaca, ocorre porque o consumo de glúten desencadeia uma reação que pode gerar inchaços repentinos, exigindo que a pessoa saia do ambiente e procure rapidamente atendimento médico. Também se manifesta com distensão do abdome, marcando roupas e dando impressão de abdome maior. Socialmente o celíaco tende a se isolar muitas vezes, pois os lugares que frequenta podem não estar adaptados à sua restrição. É comum, ao descobrir a doença, a pessoa não querer ir a um aniversário porque será numa pizzaria, por exemplo. Aos poucos, é preciso tentar se planejar para viver como qualquer pessoa e, se necessário, levar seu próprio alimento.

Faça a melhor escolha para o seu bem-estar e sua saúde

As doenças autoimunes vão muito além dos sintomas físicos e podem afetar diretamente a estética e o ritmo de vida das pessoas. afetam a vida da pessoa que tem a doença e dos que estão ao seu redor. No entanto, é importante ressaltar que existem maneiras de lidar com essas questões. 

Consultar um médico especialista é fundamental para obter o diagnóstico correto e encontrar o tratamento mais adequado para cada caso. Solicite o tipo de apoio que precisa da sua família e das pessoas próximas, pois muitas vezes elas não sabem como ajudar.

Você merece ser feliz! E encontrar maneiras de se sentir mais confiante com seus pontos fortes é uma ótima estratégia para não deixar os outros pontos não abalarem sua autoestima.

E, claro, sempre com responsabilidade e com decisões bem informadas!

Dra FABIANA CATHERINO

CRM/SP 121444 

RQE 39248

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

A capacidade de ouvir nos conecta ao mundo ao nosso redor, nos permitindo desfrutar dos sons da natureza, da música e das vozes das pessoas que amamos. Mas você sabia que mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo têm algum tipo de problema de audição? 

No Brasil, são aproximadamente 28 milhões de pessoas afetadas. É uma estatística impressionante! Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a importância de cuidarmos da nossa audição e buscar soluções para ajudar aqueles que sofrem com deficiência auditiva ou zumbido.

De acordo com uma revisão sistemática de quase 800 artigos, publicada em agosto de 2022 na revista científica “JAMA Neurology“, cerca de 14% da população adulta mundial – aproximadamente 740 milhões de pessoas – sofrem com zumbido. Dentre esses, 120 milhões consideram o zumbido um problema significativo. 

O zumbido, chamado de tinnitus na medicina, é frequentemente considerado como um sintoma de uma condição subjacente, em vez de uma doença em si. Entre as possíveis causas estão: surdez, infecção no ouvido, exposição a ruídos intensos, uso excessivo de fones de ouvido, anemia, diabetes, estresse, tabagismo, doenças autoimunes, problemas na tireoide, uso de drogas, consumo de álcool, medicamentos e pressão alta.

Embora muitas vezes seja associado a problemas de audição ou envelhecimento, estudos recentes têm sugerido uma possível relação entre o zumbido e os implantes de silicone. E é sobre isso que vamos descobrir mais a seguir.

Compreendendo a composição das próteses de silicone e sua ligação com o zumbido no ouvido

A prótese de silicone é um tipo de implante utilizado em cirurgias plásticas para aumentar o volume de certas partes do corpo, como as mamas. Essas próteses são feitas de gel de silicone, um material altamente coeso e envolto por um revestimento de silicone ou poliuretano. 

Quando falamos que o gel de silicone é coeso, significa que suas moléculas estão fortemente unidas, mas isso não garante uma aderência permanente. Independentemente da composição ou textura, o revestimento desses implantes é poroso. Com o passar do tempo e a degradação da prótese, essa porosidade aumenta. Consequentemente, partes do silicone se soltam e ultrapassam o invólucro, fenômeno chamado de “gel bleeding“, uma espécie de “vazamento” que, em tese, é retida pela cápsula, mas em alguns casos pode atingir órgãos específicos no corpo, resultando em diversos sintomas que podem parecer inexplicáveis.

O que acontece quando o silicone vaza para outras áreas do corpo?

Ao optar por um implante de silicone, é importante estar consciente dos riscos e possíveis problemas que podem surgir com esses dispositivos. Uma das complicações do silicone é o vazamento das partículas, que pode ocorrer devido à porosidade do invólucro que aumenta ao longo do tempo pelo desgaste do material. 

Quando isso acontece, o silicone se espalha para outras partes do corpo, podendo causar inflamação, desconforto e diversos problemas de saúde. 

Nesse contexto surge a possível associação entre o zumbido no ouvido e os implantes de silicone. As questões auditivas podem ser sinais/sintomas consequentes ao uso de implantes. Há os sinais como zumbido isolado, mas há possíveis doenças autoimunes que podem se desenvolver, como a doença de Ménière. Portanto, é importante explorar essa possível conexão e entender como os implantes de silicone podem estar relacionados ao zumbido no ouvido.

Mesmo que indicado explante das próteses, independente do sintoma ser na porção auditiva, não estamos falando de uma promessa de melhora, mas de uma expectativa de não piora.

Desvendando o zumbido no ouvido e suas causas

O zumbido no ouvido é caracterizado por um ruído constante ou intermitente nos ouvidos, que pode variar de um zumbido suave a um som alto e irritante. Apenas a própria acometida pelo zumbido é capaz de escutá-lo, podendo ser temporário ou definitivo, uni ou bilateral, sons mais baixos ou mais altos. A questão é que esses sons afetam a vida diária, a concentração, causam estresse e prejudicam a qualidade de vida como um todo.As causas do zumbido no ouvido podem ser diversas, incluindo problemas de audição, exposição a ruídos altos, lesões na cabeça e pescoço, entre outros fatores, como o uso de adjuvantes, como próteses de silicone e DIU, por exemplo.

A doença do silicone e a síndrome ASIA são temas que têm despertado interesse e preocupação nos últimos anos. Essas condições estão relacionadas aos implantes de silicone e têm sido associadas a uma série de sintomas, incluindo zumbido no ouvido. 

Estudos apontam para uma possível conexão autoimune em que o sistema imunológico pode reagir de forma inadequada aos implantes, desencadeando uma resposta inflamatória crônica que pode levar a sintomas de que alguma coisa não está funcionando adequadamente no organismo ou desencadear doenças. 

Portanto, quando a causa é identificada, o procedimento indicado é tratá-la, e nesse caso o tratamento é o explante.

Apenas uma avaliação médica criteriosa e, por vezes, realizada por uma equipe multidisciplinar que inclui o otorrinolaringologista, poderá identificar a causa exata e o melhor tipo de tratamento.

Doença de Ménière também tem relação com o ouvido e com o uso de próteses de silicone

Já que estamos falando sobre a ligação das próteses de silicone com o sintoma de zumbido no ouvido, é importante abordar a doença de Ménière, que também traz essa relação.

Doença de Ménière é um distúrbio autoimune caracterizado por crises recorrentes de vertigem incapacitante, náuseas, perda de audição e zumbido no ouvido. Os sintomas da doença de Ménière incluem crises súbitas e não provocadas de vertigem incapacitante severa, geralmente acompanhadas de náuseas e vômito. 

Algumas pessoas com doença de Ménière podem ter momentos em que o zumbido diminui ou desaparece, enquanto outras podem lidar com ele constantemente. Quando se trata do zumbido relacionado à doença de Ménière, é importante lembrar que o tratamento e o controle da doença são focados principalmente em controlar os sintomas gerais, como vertigens, tonturas e problemas de audição. Ao tratar desses sintomas fundamentais, é possível que o zumbido também seja controlado. No entanto, por ser autoimune, não tem cura, mas sim cuidados para tentar manter a remissão.

A vertigem é uma sensação falsa de movimento ou giro que afeta as pessoas, o ambiente, ou ambos. A maioria das pessoas descreve essa sensação desagradável como “tontura” e os sintomas geralmente duram de 20 minutos a 12 horas. Antes e durante uma crise, é comum sentir um entupimento ou pressão no ouvido afetado. Em alguns casos, os sons podem parecer excepcionalmente altos ou distorcidos.

Normalmente, apenas um dos ouvidos é afetado. Inicialmente, os sintomas podem desaparecer entre os episódios, e esses períodos sem sintomas podem durar até um ano. No entanto, à medida que a doença progride, a deficiência auditiva piora gradualmente e o zumbido pode se tornar constante. 

Os tratamentos para a doença de Ménière podem incluir medicamentos para controlar a vertigem e a tontura, terapias de reabilitação vestibular para melhorar o equilíbrio, além da adoção de estratégias de controle, como restrição de sódio na dieta e até a remoção de gatilhos, quando se trata de uma doença secundária. E se houver adjuvantes, deverá ser discutida a necessidade de retirada, como, por exemplo, explantar as próteses ou retirar o DIU.

O que eu devo saber quando tenho zumbido no ouvido e uso próteses de silicone?

Não existe exame específico para confirmar a doença do silicone, a Síndrome ASIA ou mesmo a doença de Ménière, portanto, assim como no caso de muitas outras, o diagnóstico é clínico. 

Portanto, se você tem próteses de silicone, elas precisam fazer parte de toda a avaliação para se chegar ao tratamento adequado, o que pode incluir o explante das próteses.

Diante dessas informações, é fundamental que as pessoas estejam atentas aos sinais e sintomas e não os menosprezem por parecer não ter relação com as próteses, já que os órgãos afetados estão distantes delas, e busquem orientação médica caso experimentem qualquer incômodo persistente, como zumbido no ouvido. É importante consultar um profissional especializado para realizar exames adequados e obter um diagnóstico preciso.

Se você possui implantes de silicone e está enfrentando problemas auditivos ou outros sintomas incomuns, não hesite em agendar uma consulta médica para investigar essa possível relação entre os implantes e o zumbido no ouvido. 

Nesse caso, é preciso literalmente ouvir o chamado do seu corpo para cuidar da sua saúde!

Dra FABIANA CATHERINO

CRM/SP 121444 

RQE 39248

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

A Síndrome de Poland é uma condição rara em que há desenvolvimento normal e completo do tórax apenas de um lado, com falhas contralaterais. No lado acometido pode estar afetado o desenvolvimento dos músculos do tórax e da glândula mamária. Acomete principalmente  o lado direito do corpo. Pode afetar homens e mulheres gerando assimetria na região do tórax.

Há várias teorias sobre a causa da síndrome, sendo a mais aceita a de existir a interrupção no fornecimento de sangue para vasos que ficam abaixo da clavícula causando o subdesenvolvimento da região.

Apesar de não haver desenvolvimento completo da glândula mamária, ainda assim pode haver tecido de mama. Nesse tecido pode haver desenvolvimento do câncer de mama, já inclusive relatado em literatura essa associação e, por isso, esse tema deve ser colocado em pauta no mês que falamos de prevenção e conscientização do câncer de mama. 

Além disso, na busca por corrigir o problema, é comum a indicação de colocação de próteses de silicone. Já há algum tempo ouvimos sobre a relação das próteses com o câncer, sendo que desde 2016 a OMS (Organização Mundial de Saúde) reconheceu a relação do câncer chamado linfoma anaplásico de grandes células com os implantes e em 2022 a FDA (Food and Drugs Administration) também reconheceu outros tipos de linfoma e o carcinoma de células escamosas. 

Continue a leitura para entender mais  a Síndrome de Poland, como prevenir problemas futuros e possíveis formas de tratamento.

Entendendo a Síndrome de Poland: qual a origem e como ela afeta o corpo?

A Síndrome de Poland recebeu esse nome em homenagem ao médico britânico Alfred Poland, que a descreveu pela primeira vez em 1841. 

Essa Síndrome ocorre quando os músculos peitorais, glândula mamária, axila ou ossos das costelas não se desenvolvem adequadamente durante a gestação, resultando em deformidades visíveis no tórax. 

Pode estar também associada a sindactilia, uma outra malformação, na qual dois ou mais dedos da mão são unidos, do mesmo lado da deformidade.

Os sintomas da Síndrome de Poland podem variar, mas geralmente incluem assimetria do tórax, peito retraído e mamilos deslocados. Além disso, essa condição também pode afetar o funcionamento dos órgãos internos, como pulmões e coração, causando problemas respiratórios e cardíacos.

O desconforto na mulher costuma aparecer na adolescência, quando há desenvolvimento mamário e fica muito acentuada a assimetria.

Para tratar a Síndrome de Poland existem opções de cirurgias reconstrutivas  para melhorar a aparência física. Como costuma haver compensação muscular regional, não costuma haver perda funcional..

Desvendando mitos: Síndrome de Poland aumenta risco de câncer de mama?

A relação de Poland e câncer de mama é pouco discutida, pela síndrome de Poland ser rara e pela incidência ser maior em homens.

Mas a literatura ainda considera que o risco da paciente com síndrome de Poland desenvolver câncer é o mesmo que o da população geral. 

A importância dos exames de imagem para mulheres com Síndrome de Poland

As mulheres de maneira geral já fazem rastreamento preventivo para lesões na mama.

Dependendo da idade há os exames mais indicados. 

Na paciente com Síndrome de Poland, as orientações são as mesmas que para as mulheres em geral, devendo realizar exames preventivos inclusive do lado com hipodesenvolvimento.

A mamografia  é um exame importante  na detecção precoce do câncer de mama. Mesmo em mulheres com mamas bem pequenas, a mamografia é um exame possível de ser realizado. Como na síndrome de Poland pode haver alguma dificuldade no posicionamento do tecido, podem ser necessários outros exames para complementação de investigação preventiva e diagnóstica.

Por isso, é essencial que as mulheres com Síndrome de Poland estejam atentas à sua saúde mamária como a rotina regular de qualquer mulher.

Como corrigir as deformidades de quem tem Síndrome de Poland

Falar em corrigir as deformidades causadas pela Síndrome de Poland também é falar sobre autoestima. Lembrando que a mama tem um significado simbólico. A assimetria costuma ser perceptível e pode gerar inseguranças com o próprio corpo.

Há duas regiões principais para as quais se procura correção na síndrome de Poland: nas mãos (pela sindactilia) e nas mamas. Nesse texto vamos focar no tratamento torácico e na melhoria e simetrização das mamas.

Como opções de tratamento podemos falar da lipoenxertia, mastopexia e uso de retalhos,

Na lipoenxertia iremos coletar gordura por meio de lipoaspiração, preparar essa gordura no intra operatório e reaplicar nas área que queremos maior volume, nesse caso, a mama subdesenvolvida. 

Além de melhorar a simetria de volume, pode ser necessário associar a mastopexia na outra mama, para reposicionar os tecidos, retirar excesso de pele e deixar ambas em formato mais parecido.

Como outra opção, há técnicas um pouco mais complexas que envolvem retalhos. Nesse tipo de cirurgia é utilizado músculo de outra parte do corpo para tentar reconstruir a região do tórax.

Para saber qual é o seu caso e qual melhor opção, é necessário uma boa avaliação.

Para cada paciente haverá um cuidado especial e indicação única!

Dra FABIANA CATHERINO

CRM/SP 121444

RQE 39248

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Infelizmente, vivemos em uma sociedade obcecada pela aparência física, onde o padrão de beleza imposto pela mídia pode causar sérios problemas de autoestima e insatisfação com o corpo. 

Muitas pessoas recorrem ao implante de silicone, por exemplo, na busca por uma imagem perfeita, mas nem sempre os resultados são como o esperado. O padrão de beleza imposto pela sociedade contribui para essa insatisfação, levando muitas mulheres a buscarem um resultado perfeito, mesmo que isso signifique colocar sua saúde em risco.Neste artigo, vamos explorar a relação entre o silicone e o transtorno dismórfico corporal, discutindo os riscos envolvidos e como é possível lidar com essa insatisfação com o corpo de forma saudável.

Compreendendo o Transtorno Dismórfico Corporal e a insatisfação com o corpo

O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é uma condição psicológica em que a pessoa tem uma percepção distorcida de sua aparência física. Essa distorção faz com que ela se sinta extremamente insatisfeita com seu corpo, mesmo que outras pessoas não percebam as supostas imperfeições. 

O impacto do TDC na vida diária pode ser avassalador, pois a pessoa fica obcecada pelo que ela acredita ser uma falha estética, podendo evitar situações sociais, sofrer transtornos alimentares ou até mesmo buscar procedimentos cirúrgicos excessivos para tentar corrigi-las. 

A insatisfação com o corpo, por sua vez, é um sentimento mais comum, que afeta muitas pessoas em diferentes níveis. É importante compreender que cada indivíduo tem uma percepção única de seu corpo e que a mídia e os padrões sociais podem influenciar negativamente essa percepção. 

A busca da aceitação e do amor próprio são essenciais para lidar com a insatisfação com o corpo e promover uma saúde mental positiva.

O que causa o Transtorno Dismórfico Corporal?

Também conhecido como “síndrome da feiúra imaginária”, essa condição pode causar sofrimento significativo e interferir nas atividades diárias. Embora as causas exatas do TDC ainda sejam desconhecidas, pesquisas sugerem uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos. 

Estudos apontam que pessoas com histórico familiar desse transtorno têm maior probabilidade de desenvolver a condição. Além disso, experiências traumáticas, pressão social e influências culturais podem desempenhar um papel na sua manifestação. Fatores psicológicos, como baixa autoestima e tendência ao perfeccionismo, também estão associados ao Transtorno Dismórfico Corporal. A compreensão das possíveis causas do transtorno dismórfico corporal é crucial para o diagnóstico e tratamento adequado dessa condição.

Quais são as consequências do transtorno dismórfico corporal?

O Transtorno Dismórfico Corporal pode ter diversas consequências negativas para a vida do indivíduo. Em primeiro lugar, o TDC pode levar a um isolamento social, já que a pessoa se sente extremamente desconfortável em interagir com os outros devido à sua preocupação excessiva com a aparência. 

Além disso, o transtorno pode afetar negativamente a autoestima e a autoconfiança, levando a problemas de saúde mental como ansiedade e depressão. Outra consequência comum do TDC é a busca incessante por procedimentos estéticos e cirurgias plásticas, na tentativa de corrigir as supostas imperfeições do corpo. 

No caso das mulheres, na tentativa de se sentirem aceitas e dentro do que é uma característica física aprovada pelas pessoas de seu ciclo social, desejam colocar próteses de silicone. Inclusive não se informam sobre esse procedimento com mais cuidado e não imaginam que há riscos e possíveis complicações.

Essa busca pela perfeição física pode ser alimentada pela mídia e pela sociedade em geral, que frequentemente promovem ideais de beleza irreais. A mulher com transtorno dismórfico corporal pode sentir-se inadequada e acreditar que apenas por meio do implante de silicone ela será capaz de se sentir mais confiante e aceita. No entanto, é importante ressaltar que a colocação de próteses de silicone pode gerar complicações como: infecções, resposta inflamatória exacerbada, contratura, síndrome ASIA, complicações pós-operatórias, entre outras. 

É fundamental abordar o transtorno dismórfico corporal com empatia e compreensão, buscando formas de ajudar essas mulheres a desenvolverem uma relação saudável com o próprio corpo. A conscientização sobre os riscos e as consequências das cirurgias pode ser um primeiro passo para auxiliá-las a tomar decisões mais conscientes e seguras em relação à sua aparência física.

Se você está passando por alguma insatisfação com seu corpo ou considerando realizar procedimentos estéticos em excesso, busque ajuda profissional para lidar com suas emoções e sentimentos em relação à sua aparência física. A terapia pode ser uma ferramenta poderosa no processo de aceitação pessoal e construção da autoestima.

E lembre-se: não caia nas “ciladas” de procedimentos baratos e que prometem resultados rápidos, especialmente aqueles feitos por profissionais sem credibilidade ou que não tenham a devida liberação dos órgãos competentes. Eu sempre trago dicas nesse sentido, para ajudar a escolher um bom profissional.

Cada pessoa é única e possui sua própria beleza. Não permita que padrões irreais ditados socialmente influenciem negativamente a percepção de  si mesma. Seja gentil consigo mesma, cuide do seu corpo com amor e respeito. E caso sinta necessidade, não hesite em conversar com especialistas habilitados para cuidar bem do seu corpo e sua saúde.

Dra FABIANA CATHERINO

CRM/SP 121444

RQE 39248

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica